Thursday, March 24, 2011

Coluna Link Europa: Pessoas que fazem a diferença no processo de integração

Segue a última coluna publicada no Jornal de Jundiai. Boa leitura! ;)  

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EUROPA

20/3/2011

Solidariedade, tolerância e integração facilitam vida


DIVULGAÇÃO Sandra Gomes
Sandra Gomes
Quarta-feira, 19 horas. Ouço os recados da secretária eletrônica e estranho o "alemão pausado e com sotaque" de uma voz feminina me convidando para participar de um evento em prol dos direitos humanos dos iranianos no sábado. Ela me pede ainda para confirmar minha presença ou não por telefone, já que todos, por questão de segurança, têm de ser devidamente cadastrados. Já com compromisso no sábado, não poderei atender ao pedido da senhora iraniana.

Demorou alguns minutos, no entanto, para entender como esta senhora tinha chegado até o meu número de telefone. Com certeza foi por meio da escritora da Síria, Nourig Apfeld. Troquei cartões com Nourig  num evento realizado para a imprensa, em setembro do ano passado, no lançamento de seu livro Ich bin Zeugin des Ehrenmords an meiner Schwester ('Eu sou testemunha do assassinato de honra de minha irmã').

Ela, que pediu asilo à Alemanha e aqui vive sob proteção policial 24 horas por dia, relatou na sua obra como viu o pai e a família assassinarem sua própria irmã por esta se negar a casar com o parceiro escolhido pela família. Nourig teve de escolher entre a vida e a convivência com seus parentes. Fugiu da mentalidade intolerante de sua terra natal e vive sem poder divulgar seu endereço, escondendo-se dos familiares que a consideram "traidora" por ter escolhido ser uma mulher independente.

Já a encontrei em outras ocasiões, sempre com seus seguranças, e combinamos de fazer uma entrevista para conhecer melhor o trabalho dela e a condição das mulheres no Oriente Médio. Além de fazer questão de combater os problemas do seu país divulgando-os o máximo possível, sempre se mostra muito interessada em saber quais são os "dramas" que vivem as mulheres brasileiras. Nourig é um exemplo de quem foi obrigada a abdicar da própria vida, mas não deixou de sonhar e acreditar numa sociedade diferente.

Enfrentou e enfrenta as dificuldades com cabeça erguida e esperança de sucesso. Esforça-se para a integração funcionar, fala alemão muito bem, se adaptou ao clima e aos costumes, mas não perde sua identidade como estrangeira, o ideal num processo de integração. Sua luta ganhou um importante aliado, o escritor e jornalista alemão Günter Wallraff. Ele ficou conhecido por suas reportagens investigativas nas quais "entra na pele" das pessoas para escrever sobre elas.

Já se passou por negro, turco, funcionário de fábrica de pães, de "call center", por mendigo, doente mental, infiltrando-se com falsa identidade e, depois, denunciando absurdos contra os direitos humanos. No Brasil, uma das suas obras mais conhecidas é o "Cabeça de Turco" (Ganz Unter), no qual mostra como os turcos eram tratados na Alemanha dos anos 70 e 80.

Fato é que, como constata Wallraff, existem, sim, aqueles que ainda são racistas e maus-caráteres, mas há uma abertura e proximidade gradativa de várias sociedades com os "estrangeiros", inclusive cedendo espaço para manifestações como como esta, pelos direitos dos iranianos, fomentando discussões sobre construções de templos islamitas, integração nas escolas e no mercado de trabalho, entre outros.

Em Berlim, ou em qualquer outra grande capital da Europa, é inevitável, para se viver em harmonia, perceber, tolerar e aceitar as diversas manifestações culturais. A globalização forma mais sociedades multirraciais que no passado e as catástrofes naturais mostram que sentir-se em casa hoje significa sentir-se seguro. Nem sempre queremos deixar nosso país, mas somos obrigados. Pessoas como Apfeld e Wallraff facilitam o processo de integração e busca por uma nova chance em uma nova pátria.

Feira de Turismo - A Feira Internacional de Turismo, ITB, encerrou-se no último domingo em Berlim sem o habitual clima de festa. O estande do Japão foi fechado no sábado em solidariedade às vítimas da catástrofe. Mesmo assim, os organizadores calculam que bons negócios, que movimentariam em torno de 6 bilhões de euros neste ano, foram fechados para os mais de 11 mil empresários de 187 países presentes no evento.

Usinas atômicas - A catástrofe no Japão fez os representantes de diversas nações do mundo repensarem e agirem em relação às usinas atômicas. A Alemanha, que tem mais de dez espalhadas por seu território, começou a inspecioná-las e desativar as mais antigas. De acordo com a Deutsche Welle, são 439 reatores nucleares no mundo. Na quarta-feira a chanceler Angela Merkel declarou a importância do mundo aprender com o que está acontecendo no Japão.

Prometeu reestudar as propostas de novas usinas e garantir a segurança das atuais. Merkel salientou que até a atual tragédia, os problemas de vazamento de energia atômica tinham como causas falhas humanas. Com as catástrofes naturais, a estrutura física dos projetos tem de ser repensada caso a Alemanha continue utilizando a energia atômica. Vários protestos estão circulando pela internet para que todas as usinas sejam fechadas e desativadas.

SANDRA GOMES - email para contato: infobrasa@gmx.de.

Sunday, March 13, 2011

Pequenas atitudes e bons exemplos que influenciam no futuro do meio ambiente

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Este foi o tema da segunda coluna Link Europa, publicada pelo Jornal de Jundiaí.  Desejo uma boa leitura e agradeço opiniões, comentários, críticas, sugestões, etc... :)


Pequenas atitudes e bons exemplos que influenciam no futuro do meio ambiente
Por Sandra Mezzalira Gomes

Pequenas atitudes podem fazer grandes diferenças. Quando cheguei na Alemanha, em 2000, estranhava pagar por cada sacolinha no mercado, fosse de pano ou de plástico, afinal, estava acostumada com a nossa “abundância” no Brasil. Aqui, não apenas se paga a sacolinha como não tem ninguém para ajudar a empacotar as compras...Agora, nesta minha última visita, observei em Jundiaí o aviso de que as sacolinhas foram substituídas por sacolas retornáveis ou são, como aqui, cobradas (e feitas de material orgânico).
Claro que demora um tempo para se acostumar a levar a sacola para o supermercado, mas eu garanto: acostuma-se. Li, ainda, num influente jornal paulista, um artigo no qual se criticava a substituição das sacolinhas como um “desvio” de atenção para problemas mais importantes. Discordo. Claro que não podemos esquecer de outros problemas sérios, mas a sacola plástica está entre eles e solucionar o desperdício já é um grande passo. Fato é que nossos antepassados levavam o carrinho para a feira ou outras sacolas de compras. Qual o problema em fazermos o mesmo?
Entendo ainda a argumentação que agora, o consumidor ainda tem de comprar o “saco de lixo” uma vez que as sacolinhas também assumiam tal função. A separação do lixo também ainda pode ser melhorada neste sentido. Aqui, com um recipiente para cada tipo (plásticos, orgânico, vidros, pilhas, papel, etc), esvazio o meu “balde” direto no “lixão correspondente” que fica na área de serviço do prédio. Pilhas, vidros, óleo e outros tipos de materiais tem postos de recolhimento em supermercados. Nem todos os lixos precisam então de sacos, a maioria basta quando lavo o “balde” a cada semana. Neste ponto também observei avanços no Brasil e creio que o sistema só tende a melhorar.
Outro fenômeno interessante de ser comparado é a reciclagem de latas. Se no Brasil já via os catadores desde a década de 90, aqui eles apareceram por volta de 2003. Foi nesta época que se implantou o chamado “pfand”, ou como falamos no popular, o “casco”. Ao serem levadas de volta, garrafa de plástico e latinha valem 0,25 centavos de euro. Garrafas de vidro, 0,08 centavos. Com o tempo, reportagens nos jornais e televisão da Alemanha mostram como diversas pessoas, de mendigos a engenheiros, descobriram nesta coleta seletiva uma forma de melhorar o orçamento. No Brasil, não vejo o mesmo interesse pelas garrafas de plástico e de vidro. Talvez fosse a hora de fazer “doer no bolso” do consumidor para que se evite também mais este desperdício.
Já a relação do alemão com a água também poderia servir de exemplo para o brasileiro, que ainda insiste em “lavar” a calçada em vez de varrê-la. Muitos agora vão fazer “irk”, mas a verdade é que a maioria lava a louça com a pia cheia de água, ensaboa e não enxágua. Confesso que não consigo colaborar neste ponto com eles (enxáguo, sim, mas apenas no final)... E a limpeza da casa é feita mais com aspirador do que água (em algumas residências até no banheiro tem carpete e o ralo também é acessório raro, ou seja, se passa um pano e não se “lava” os cômodos).
Quanto ao banho... Sim, é verdade que muitos o fazem poucas vezes na semana, usam a tal da “toalhinha” molhada para as partes íntimas no dia a dia e elegem uns 3 dias para a higiene completa. Em algumas famílias ainda é como no tempo da guerra: enche-se a banheira uma vez e todos usam a mesma água. Primeiro as crianças, depois mulheres e o pai é premiado para usar a água com a sujeira da família toda.
É inegável, entretanto, que a tendência é a água virar, sim, artigo de luxo. E se não começarmos a aprender com os bons exemplos a cuidar do nosso meio ambiente pode ser que, num futuro próximo, todos tenhamos de aprender os métodos de racionamento vivido pelos europeus na época da guerra.
Notas:
Turismo no mundo
Um dos maiores eventos na área turística, a ITB, termina neste domingo em Berlim e mostra as tendências de 2011. Espanha é uma das principais atrações para o verão, com tendência a hotéis lotados. Já a região árabe está apelando para promoções com o intuito de encher os hotéis da região de conflito que estão completamente vazios.
Dia da Mulher
O dia Internacional da Mulher também foi lembrado por aqui como um dia instituído há cem anos para reivindicar igualdade de direitos que ainda não são totalmente garantidos. Em 2010 houve inclusive discussão sobre quotas para mulheres em cargos de chefia. Ainda há diferenças salariais e apesar do preconceito ter diminuído bastante, muitas mulheres continuam passando por situações nas quais ele se manifesta. Alemãs entrevistadas para um notíciario de TV afirmavam desejar, entre outras mudanças, obter mais reconhecimento pelo seu trabalho, seja qual for sua posição.
Futebol Feminino
Ainda no tema “mulher”, um tanto decepcionante o silêncio a respeito da Copa Mundial de Futebol Feminino que será este ano a partir de 26 de junho na Alemanha. Se comparar com 2006, o evento está sendo praticamente ignorado. Na semana passada a Fifa anunciou a próxima sede para 2015. A notícia recebeu uma notinha nos jornais. Apesar do pouco barulho, o número de ingressos vendidos para o jogo de abertura que será em Berlim já bateu o recorde de vendas.
Reconhecimento internacional
Injeção de auto estima e motivo de destaque no noticiário o resultado de uma pesquisa da rede inglesa de comunicação, a BBC, na qual os alemães foram apontados como o povo que mais exerce influência positiva no mundo. 62% teriam apontados a Alemanha como o melhor país entre outros fatores por ser estável financeiramente, organizado, ter uma política sem escândalos, produtos de qualidade, bom futebol, ser “histórica e moderna” ao mesmo tempo. A Inglaterra e o Canada estão no segundo e terceiro lugar.

Tuesday, March 01, 2011

Link Europa visa conectar Brasil e "velho mundo"

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A partir do próximo domingo surge a coluna "Link Europa", com intuito de abordar temas em comum entre europeus e brasileiros. O desafio é conseguir despertar interesse tanto dos brasileiros que tem alguma ligação com a Europa quanto dos europeus que se identificam ou simpatizam com o Brasil.

O Jornal de Jundiaí está investindo na ideia e abriu espaço para uma coluna semanal e ainda, uma página mensal com reportagens e curiosidades, todo o material produzido aqui na Europa.

Agradeço desde já o apoio de todos, principalmente dos fotógrafos que estão igualmente acreditando no projeto e torço para que haja leitores e patrocinadores interessados em verem o projeto crescer.

O JJ trouxe uma entrevista neste último domingo explicando melhor a ideia da coluna no link a seguir: http://www.portaljj.com.br/interna.asp?Int_IDSecao=1&Int_ID=140745 

José Padilha traz Tropa de Elite 2 para 61 Berlinale



Pelo terceiro ano quase consecutivo, o diretor de cinema José Padilha marcou presença no Festival Internacional de cinema de Berlim, a Berlinale.

No dia 11 de fevereiro ele esteve presente ao lado dos atores Wagner Moura e Maria Ribeiro na estreia do filme Tropa de Elite 2, na mostra “Panorama”.

José Padilha foi mais uma vez aplaudido pelo público que lotou o Friedrichstadt Palast, uma das maiores casas de shows da Europa. Ele, que já ganhou o prêmio máximo do Festival, o Urso de Ouro em 2008 com Tropa de Elite 1, marcou presença no evento em 2010 com Guarapa, também na mostra Panorama. Desta vez, veio com Tropa de Elite 2.

É inevitável observar o aumento das produções cinematográficas no Brasil nos últimos dez anos. Quando Fernanda Montenegro ganhou o Urso de Ouro em 1998 na Berlinale, pouco se sabia sobre o cinema nacional. Nos últimos anos, o Festival conta com cineastas brasileiros em quase todas as seções do evento: curtas, documentários, longas, com os mais diversificados temas e levando vários prêmios.

Em 2011 houve ainda participação brasileira no “Forum”, com o filme de Tiago Mata Machado, “Os Residentes” e em curtas, no Generation, com o “Ensolarado”, de Ricardo Targino.

Fotos: João Paglione


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