Thursday, June 22, 2006

"Alguém entrou com meu ingresso (parte 1)"

























































Por SANDRA MEZZALIRA GOMES
De Berlim

A „novela" deste dia 20 de junho, jogo Equador e Alemanha, jamais vou esquecer. Como jornalista, claro que estou atenta e muito brava com o mercado negro, afinal, se teve um ponto que a organização da Fifa foi criticada foi no processo de vendas de ingressos e todo mundo está vendo que, se a idéia era impedir os cambistas de agirem, não funcionou. Eles estão por toda parte e principalmente nos arredores do Estádio oferecendo os tíquetes pelos mais variados preços.
A primeira prova que tive da comercialização ilegal dos bilhetes foi na semana passada, quando D. me ofereceu para ver a partida Brasil x Croácia por cem euros. Conhecido teria vários tíquetes para vender. D. foi buscá-lo num hotel e contou que o bolo de euros e a quantidade de ingressos que viu, impressionou. Não me deixou nem fotografar o tíquete nem citar nomes, afinal, sabe que não foi legal o que fez.
Ainda naquela terça-feira dia 13, quando tive de insistir para dizer que não queria entrar no Estádio com ingresso do mercado negro (sem falar que acreditava na seriedade do controle e achava que D. mesmo não passaria pela catacra), lembrei-o que tinha dois bilhetes para os jogos do dia 20 e dia 30, conseguidos de formas correta pelo site da Fifa no início do ano passado e comprados por preço justo. Fui então com minhas amigas cobrir o show da Ivete Sangalo e lá mesmo conferir a partida, D. foi só neste jogo e no de Munique.
O que eu não sabia até então era que tinha sido "vítima" do mercado negro e errei ao ter confiado na pessoa quem comprou para mim os tais bilhetes, a qual vou chamar aqui de R.. Achava que a história estava mal contada já que a entrada para o dia 30 chegara em abril e a do dia 20, nada. Quando indagava R., ouvia que a Fifa tinha feito um erro na distribuição mas que poderia entrar no estádio com meu documento. Tinha a desconfiança, porém, que R. vendera os ingressos e estava com receio de falar a verdade. Sei que escrevi um email para a Fifa na quarta-feira, 14. Ela respondeu ter enviado os ingressos.
Ao checar no "costumer service" do site oficial da federação, no entanto, nossos nomes (meu e de R.), continuavam lá como os proprietários dos mesmos. Como também nunca vi um centavo deste dinheiro, fui ao Estádio Olímpico acreditando que conseguiria assistir à partida e que os bilhetes talvez pudessem mesmo terem "se perdido" no caminho.
Depois de quase uma hora procurando o local para retirar os ingressos, passando por dezenas de cambistas ainda tentando encontrar os últimos clientes, já que o jogo começara, fui atendida por um rapaz que informou: "sim, a senhora tem razão. Seu nome está aqui, é como se a senhora estivesse no estádio, quer dizer, alguém entrou com seu nome ou seu lugar ficou vazio mas não posso fazer nada. Seu erro foi ter confiado no Sr. R. Sinto muito".
Nem precisa contar a minha decepção e revolta com todo o "teatro" por causa destes bilhetes e ainda fiquei me questionando o que aconteceria se, a provável pessoa que entrou com meu nome no estádio, tivesse uma bomba consigo ou aprontasse alguma coisa. A polícia viria atrás de mim? Afinal, toda complicação do sistema de vendas dos ingressos era para evitar o mercado negro e garantir a segurança. Depois soube que R. realmente comercializou sem me contar, ou seja, alguém realmente entrou com o meu nome no estádio.

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