Tuesday, August 08, 2006

Diga não ao racismo!

Em Berlim, a experiência foi ótima! Lyara visitou a cidade em maio e deixou saudades.



















A Lyara, amiga de infância, é uma destas pessoas maravilhosas que enfrentam, casualmente, problemas por sua cor de pele. Um absurdo que tem de ser combatido para conseguirmos viver num mundo de tolerância e paz.




Publiquei este texto na coluna da Brazine, em 6 de junho, divulgando as linhas telefônicas que estavam disponíveis para as vítimas na época. Achei legal deixar registrado aqui no blog, afinal, somos todos irmãos e, infelizmente, alguns esquecem disso. Não custa dar uma lembrada...segue o texto publicado na época e, mesmo sem a hotline, sempre atual!

"6 de junho de2006 - Vítimas de racismo contam com hotline em Berlim/Brandenburgo e outras sobre o assunto

Por SANDRA MEZZALIRA GOMES

A partir desta quinta-feira, 8 de junho, estará a disposição 24 horas por dia um telefone de emergência para quem for vítima de racismo em Berlim ou Brandenburgo. Em seis línguas, a idéia do "Racism Help Line" é não apenas dar atendimento às vítimas mas ainda servir como um disque denúncia. Anote então os números:

Alemão : 0160 /578 5085
Inglês : 0170 / 609 4241
Espanhol : 0175 / 371 5473
Francês : 0151 / 1893 9081
Português : 0160 / 609 7023
Turco : 0170 / 60 9425
Mais informações: www.racismhelpline.de

Brasileiros na Alemanha criam comunidade contra racismo

As comunidades na internet estão cada vez mais comum. A "Eu sou contra o Preconceito" conta com mais de 730 mil membros. Agora a brasileira Andrea Tonks, em Colônia, reuniu pelo menos cem pessoas pela causa "Por uma copa sem racismo" na recém-criada comunidade do orkut.

Relatos do dia a dia de situações contragedoras ou atitudes louváveis em proteção ao próximo, reportagens de jornais sobre o assunto assim como um tópico "Não somos contra alemães", no qual se debate o tema e se explica que a maioria dos alemães também não está satisfeita com os ataques contra estrangeiros, podem ser acompanhados no link:
http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=14320211

"Nunca tive problema com racismo na Alemanha"

Apesar de toda discussão, a reportagem conversou com várias pessoas que moram ou visitaram a Alemanha. Em nenhum caso, elas tiveram problemas por causa da sua cor de pele. Independente de terem visitado grandes ou pequenas cidades. Exemplo é o artista Ismael Ivo, famoso por seu trabalho artístico que desenvolve há 15 anos na Alemanha. Recentemente, se apresentou pelo menos três vezes para uma platéia que sabe valorizá-lo. O paulista teria sido o primeiro brasileiro e negro a assumir, em 1996, a liderança do "Deutschen Nationaltheater Weimar" (Teatro Nacional de Weimar). "Nem naquela cidade da ex-Alemanha oriental tive problemas, nunca, nem eu nem os quinze bailarinos que trouxe do Brasil na época". Ele se sente "em casa", apesar de não esquecer as raízes. "Nunca deixarei de ser brasileiro, nem vou virar alemão mas Berlim faz parte de mim". Para ele, é uma minoria que acaba estampando nas manchetes dos jornais. "O alemão é aberto, curioso, sabe respeitar outras culturas, é um povo pacífico", opina, lembrando que os casos de skinheads são tratados como crime justamente porque não ilustram o pensamento da sociedade. Ismael expressa sua torcida por uma boa Copa do Mundo especialmente visando ajudar a Alemanha a sair da crise. "É bom para Berlim, estamos precisando levantar as pessoas, vivendo uma fase social muito difícil."

Quem também já se acostumou até com o frio da Alemanha é o carioca Gilberto da Silva Melo, do Hertha BSC, no momento em Frankfurt com a seleção brasileira. Em entrevista no fim de abril, Gilberto afirmou jamais ter passado por problemas de preconceito por causa de sua cor de pele. "Esperava encontrar racismo por aqui mas não encontrei", diz, considerando ainda que procura observar as regras do país onde está para evitar dores-de-cabeça. "Se aqui só se atravessa com o sinal verde, também obedeço e espero o sinal abrir. Tem de saber respeitar o país".

O artista cubano Bráulio Zuñiga, de 48 anos, vive há 13 anos em Berlim e não consegue recordar de nenhuma situação constragedora por parte dos alemães. "Os turcos que moram aqui são muito pior". Seu amigo, Lorge Sanchez, de 34 anos, é costureiro e mora há seis anos na capital da Alemanha. Alto, com rastafári longo e porte atlético, ele assume que faz sucesso entre as mulheres alemãs mas sente sim, um certo preconceito, mesmo jamais tendo sido agredido ou xingado por causa da sua raça. "Elas gostam do exótico mas não querem casar com um negro, não levam a sério. A formas diferentes de ser racista".

Para quem esteve como turista na cidade, Berlim foi simpática. Pelo menos com a produtora de TV Lyara de Oliveira, de 30 anos e com o irmão e amigo de Gilberto, Rodrigo e Roberto. Os três garantiram ter adorado Berlim e mais, tido toda tranquilidade do mundo para conhecer a cidade.

Fato é que, como em qualquer lugar do mundo, não se recomenda andar em parques desertos quando está escuro assim como há certas regiões da Alemanha nas quais concentram-se maior número de simpatizantes do NPD (Nationaldemokratische Partei Deutschlands/ Partido Nacional Alemão). A Africa estaria elaborando um mapa para os turistas que quiserem vir para a Copa com "no go areas" (areas onde não se deve ir).

O tema racismo em campo vem sido discutido há anos e a Fifa tem combatido o preconceito duramente. E se ainda não estão definidas as punições para quem ofender o outro durante uma partida, uma das grandes estrelas da abertura da Copa do Mundo no dia 9, próximo sábado, em Munique é Edson Arantes do Nascimento, o Pelé, que tem sido lembrado e convidado de honra em várias ocasiões neste últimos anos de preparativos. Mais uma prova de que talento e profissionalismo não tem nada a ver com a cor da pele.


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1 comment:

Lyara Oliveira said...

Fiquei feliz de poder ser citada em seu texto. Vamos sempre dizer não ao racisimo!