"Football for a better World. From Germany to South Africa" (Futebol por um mundo melhor. Da Alemanha para a África do Sul). Este era o slogan do evento que seria realizado nesta sexta-feira, dois dias antes da final em Berlim, em frente ao Portão de Brandenburgo, encerrando este 18° Torneio Mundial de Futebol e já de olho no 19° Campeonato, em 2010, na África do Sul.
Ivete Sangalo era uma das atrações esperadas na Fan Meile de Berlim, ao lado de Xavier Naidoo und Wir sind Helden, Die Fantastischen Vier, Youssou N'Dour (Senegal), Freshly Ground (África do Sul) e Sean Paul (Jamaica) numa festa de confraternização entre Alemanha, África e o mundo. A tempestade que começou por volta das 17 horas, acabou com a festa, programada para às 18. Durante quase duas horas, choveu forte com direito a muitos relâmpagos e trovoadas.
Estava então registrando a exposição "Tropicália" na Casa das Culturas do Mundo (Haus der Kulturen der Welt), onde mais tarde Naná Vasconcelos, nascido em Recife, mostrou seu trabalho com percussão e jazz. Tinha me credenciado para o show do inglês James Blunt, que deveria começar às 18:15, na Mini-arena Adidas. Ao andar o trecho de alguns metros, não apenas fiquei ensopada como tive até medo já que lembrava de uma tempestade em 2001 em Berlim, que deixou muitos estragos e até mortos.
Vivi um dos momentos mais angustiantes ao caminhar com dificuldade sob a enxurrada, com o vento virando e quebrando meu guarda-chuva, tentando proteger meu equipamento e rezando para o vendaval não piorar. Quando finalmente cheguei à porta da mini-arena, o rapaz me avisou que a entrada está suspensa e só "São Pedro" sabia se haveria ou não o concerto. Sugeriu então que eu caminhasse até a entrada do Parlamento (Reichstag), onde avistava uma multidão aglomerada para se abrigar contra a água.
Sem escolhas, andei mais alguns metros para me juntar ao povo e, ao subir a escadaria de um dos prédios mais importantes do governo alemão, mais uma cena surreal para minha coleção: um sanfoneiro com chapéu da seleção alemã animava os „refugiados da chuva" com canções populares como "Que será, será, whatever will be", "La cucaracha", "My Bonnie is over the ocean", além de várias músicas alemãs bem estilo "Oktoberfest". Uma verdadeira festa ali, embaixo da tempestade, arrancando aplausos e risos de pessoas das mais variadas nacionalidades "vítimas" do tempo naquele momento, mostrando mais uma vez como a vida é mais fácil quando se encara com humor. Os mais animados cantaram e dançaram, outros fotografaram, fato é que, quando a chuva diminuiu, todo mundo pode voltar a rotina com a alma lavada.
O show de Blunt foi realizado com atraso, quase 21:30, mas valeu a pena. Não conhecia muito bem o trabalho deste inglês que começou a cômpor quando entrou para o exército e presenciou a guerra no Kosovo. O evento oficial para mostrar a fraternidade entre os povos não aconteceu. Mas ficou ali, na festa improvisada em frente do Reichstag, uma prova de que esta confraternização existe sim, só depende de cada um.
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