Monday, February 05, 2007

EXCLUSIVO - Brasileiro assassinado em Munique será enterrado em Recife / Comunidade se solidariza com família

Por SANDRA MEZZALIRA GOMES

Um crime abalou a comunidade brasileira em Munique e deixou muitas perguntas em aberto: Emerson Leandro Goes, de 16 anos (completaria 17 no dia 4 de março) foi esfaqueado por uma alemã de 27 anos na casa da mesma, no bairro chamado "Am Hart", no último primeiro de fevereiro, quinta-feira.

De acordo com a mãe do garoto, Maria Aparecida Leandro Goes, 35 anos, de Recife, os dois estariam juntos há algumas semanas. "Ele me falou que tinha uma namorada mas, se eu soubesse a idade dela, teria avisado a polícia, procurado um psicólogo. Não é normal", observou, entre lágrimas, ao conversar com a reportagem por telefone na sexta-feira de manhã, dia 9, um dia depois da missa de sétimo dia e de uma reunião com amigos para arrecadar recursos e mandar o corpo para o Brasil. "Eu não quero enterrá-lo na terra onde ele foi assassinado, ele adorava o Brasil. Esteve lá duas vezes desde que veio para cá".

Por isso a decisão de levá-lo a Recife neste fim de semana. Maria embarca sábado de manhã para o país tropical. O enterro está previsto para o domingo. "Os brasileiros aqui foram incríveis, em três dias arrecadamos o dinheiro para o translado e para a passagem. Já avisei que não preciso de mais, mas eles querem continuar porque o que arrecadarem agora será para as despesas lá e com advogados."

Segundo a mãe do adolescente, Emerson, acompanhado do amigo português/canadense Daniel, estaria na noite daquela quinta-feira com a moça, que não parava de reclamar do sumiço de sua carteira e suas chaves.

O desaparecimento dos objetos dela, percebido na volta de um posto de gasolina onde teriam ido buscar mais bebidas, seria o motivo para a mesma largar as visitas na sala e retornar da cozinha com duas facas, tentando atingir os jovens.

Emerson foi perfurado no peito com uma faca de 30 centímetros, segundo o B.O da polícia. "A história ainda está muito mal contada. O Daniel disse que o ferimento não foi grande. Só se meu filho perdeu muito sangue ou se o socorro demorou para chegar."

A gritaria causada pela briga teria alertado os vizinhos que chamaram a polícia, resultando na prisão em flagrante da mulher.

Apesar do exame de sangue da alemã indicar alto teor alcoólico, não era suficiente para que a mesma alegue que não sabia o que estava fazendo, avisa Maria Aparecida.

Na noite do crime, ela relata que trabalhou o dia todo e, quando chegou em casa e entrou na duscha, Emerson saiu. "Achei que ele ia voltar logo e fiquei ali, no sofá. Apaguei em vinte minutos, estava muito cansada. Às 04:12 acordei com a polícia batendo na minha porta, dando a notícia da morte dele".

No Boletim de Ocorrência (leia na íntegra em alemão abaixo), fala-se na presença de outro homem, cita-se o hábito do consumo de drogas e álcool. "Saiu aqui no jornal sobre este homem de 30 anos que ninguém conhece, ninguém sabe de onde ele é, e ninguém entende o que ele estava fazendo ali", defende Maria Aparecida. "Meu filho não morreu por que era um criminoso ou algo assim, ele morreu porque estava apaixonado."

O amigo, o qual teria segurado Emerson nos braços em seus últimos minutos de vida, estaria ainda muito abalado e disposto a ajudar nos depoimentos. "Ele tentou bater nela quando percebeu as facas mas ela atingiu meu filho, ele quer que justiça seja feita.", relata a brasileira.

O nome da mulher, que nasceu em Munique, estava desempregada e tem um bebê com cerca de um ano, é mantido em sigilo pelas leis alemãs (não consta no Boletim de Ocorrência da Polícia de Munique).

Para publicá-lo, seria preciso autorização dela, de acordo com a assessoria de imprensa da Polícia de Berlim.

Membros da comunidade brasileira, no entanto, conhece-na por "Suzana".

A mãe conta que Emerson mudou com nove anos para a Alemanha mas era muito ligado ao país tropical. "Trouxe-o para cá porque achava que teria uma educação e vida melhor. Não foi o que aconteceu. Jamais esperava isso, especialmente na Alemanha", relata a mãe horas antes de embarcar para Recife.

Ela descreve o garoto como um excelente filho. "Ele não tinha antecedentes criminais apesar de ter tido alguns problemas com a polícia. Era um menino maravilhoso, no dia em que morreu, me ajudou a tarde toda, passou roupa para mim, foi na escola de manhã. Os amigos dele o adoravam, na missa tava cheio de adolescente chorando, não dá para entender".

Para ela, que é separada do marido alemão, resta a filha de 10 anos, que ficará com ele, o "ex", na ausência da mãe. "Minha vida era trabalhar para meus dois filhos, eles eram a minha família. Quero justiça, vou procurar um advogado assim que voltar para a Alemanha, mostrar as nossas versões do fato e espero contar com a ajuda de todos."

Comunidade Brasileira

A comunidade brasileira se mobilizou para ajudar Maria Aparecida. Na quinta-feira, dia 8, foi feita uma reunião e missa de sétimo dia.

A cozinheira e carioca de 53 anos Sandra Servilha foi uma das que esteve presente. "Tava lotado, foi muito bonito ver a atitude do pessoal, os alemães ficaram de queixo caído com a solidariedade brasileira, o ex-marido dela quer agradecer publicamente pela força dos amigos", garante ela, que conhece "Cida" há apenas dois meses mais intimamente. "Ela costumava ir no Kalangos mas só agora que ficamos mais amigas. Engraçado que ela não parava de reclamar que o Emerson estava dando alguns problemas aqui, pensava em mandá-lo para o Brasil".

Sandra relata que Aparecida notava progresso no comportamento do filho, mas admitia problemas. "Ele estava melhorando, a mãe era super rígida, muito correta, ela lutou tanto pra trazer ele pra cá e ele deu um pouco de trabalho. Mas agora parecia que estava tudo certo".

A mulher que o matou, segundo a cozinheira, teria o atraído pela aparência física. "Não dá pra entender o que ela fazia com um garoto desta idade. Os amigos deles diziam que ela era muito bonita e acho que ele se encantou. Ela tinha de ser julgada não apenas pelo assassinato mas também por corrupção de menores".

Solidariedade continua

Sandra garante que o domingo será mais um dia de solidariedade com Maria Aparecida.

Ela alugou a cozinha do "Kalango’s Bar" e fará uma arrecadação no estabelecimento. "Tudo que for consumido, bebida, comida e as entradas recolhidas neste dia irá para a família".

Além disso, um email circulou hoje entre as comunidades brasileiras pedindo doações (a seguir).

O Kalango’s Bar fica na Occamstraße, 2, 808002, Munique. Mais informações no site http://www.kalangos.de/

O bs: O local e outras informações do enterro serão divulgados em breve.

Pedido de doações enviado por email nesta sexta-feira

„U R G E N T E

A senhora Leandro dos Santos, cidadã brasileira, solicita a todos doações para que possa trasladar o corpo de seu filho, Emerson Leandro de Goes, para sepultamento no Brasil. Leandro foi assassinado em Munique, na última sexta feira, dia 02.02.07. Completaria 17 anos no próximo dia 04 de março.

O traslado do corpo para o Brasil custa 5.000 Euros, quantia extremamente alta para a família, que agradece a todos pelas doações, em qualquer valor, para a seguinte conta:

Banco: Ligabank

Konto-Nummer: 21 44 115

BLZ: 750 903 00

Verwendungszweck: KOFIZA Emerson Brasilien

ou

aos que preferirem, é possível fazer a doação pessoalmente na próxima sexta-feira, às 19:00 horas, na Assembléia Geral da Casa do Brasil, no prédio da KHG, Leopoldstrasse 11, Munique.

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E I L I G !

Die brasilianische Staatsangehörige Maria Aparecida Leandro dos Santos bittet uns alle um eine Spende, um ihr zu ermöglichen, den Sarg ihres Sohnes, Emerson Leandro de Góes, zur Beisetzung in Brasilien zu überführen.

Leandro wurde letzten Freitag, den 02.02.2007, in München ermordet. Am kommenden 04. März wäre er l7 Jahre alt geworden.

Die Überführung nach Brasilien kostet EUR 5.000, ein extrem hoher Betrag für die Familie, die daher für jede Spende, in welcher Höhe auch immer, von Herzen dankbar ist und bittet die Spenden auf folgendes Konto einzuzahlen:

Bank: Ligabank

Konto-Nummer: 2144115

BLZ: 750 903 00

Verwendungszweck: KOFIZA Emerson Brasilien

oder

wer es vorzieht, persönlich zu spenden, kann das am kommenden Freitag, um 19.00 Uhr, in den Geschäftsräumen der Casa do Brasil, im Gebäude der KHG, Leopoldstrasse 11, München, vornehmen."

Boletim de Ocorrência registrado na polícia de Munique em 02.02.07:

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02.02.2007, PP München

27-jährige ersticht 16-jährigen Freund

MÜNCHEN (196.). Gestern, 01.02., kam es kurz vor Mitternacht in der Wohnung einer 27-jährigen im Stadtteil Am Hart zu einem folgenschweren Streit mit Ihrem 16-jährigen Freund. Im Verlauf der Auseinandersetzung griff die Frau letztlich zu einem Messer und fügte dem Jugendlichen einen tödlichen Bruststich zu.

Ein berufs- und arbeitsloser 16-jähriger Brasilianer, der als jugendlicher Intensivtäter polizeilich hinreichend bekannt war, trieb sich gerne mit seinen Freunden, einem 20-jährigen Kanadier und einem 30-jährigen Deutschen, im Bereich eines Wohnanwesens in der Sudetendeutschen Straße in München-Am Hart herum, wobei sie meist Alkohol und Drogen konsumierten. Vor einigen Monaten machte der junge Mann Bekanntschaft mit einer 27-jährigen berufs- und arbeitslosen Sozialhilfeempfängerin, die mit ihrem einjährigen Sohn in einem der Anwesen lebt. Fortan verlagerten die jungen Männer ihre Gelage in die Wohnung der Frau, wobei sich auch eine Liebesbeziehung zwischen ihr und dem 16-Jährigen entwickelte.

Am Donnerstag, den 01.02.2007, zechten die drei Männer schon wieder in der Wohnung der Frau. Als ihnen kurz vor Mitternacht die Alkoholika ausgegangen waren, wollte die Gastgeberin Nachschub besorgen. Dabei stellte sie fest, dass ihre Geldbörse verschwunden und nicht wieder auffindbar war. Bei der Suche kam sie zu der Überzeugung, dass der Geldbeutel nur von einem ihrer Gäste gestohlen worden sein konnte. Darüber kam es zwischen den Männern im Wohnzimmer schließlich zu einem lauten, verbalen Streit. Mit einem Küchenmesser in der Hand mischte sich schließlich die Frau in den Disput ein. Dieser artete derart aus, dass die junge Frau schließlich auf ihren 16-jährigen Freund los ging und ihm die 30 cm lange Klinge in die Brust stach. Obwohl unverzüglich ein Notarzt herbeigerufen worden war, erlag der junge Mann in einem Münchner Krankenhaus seinen Verletzungen.

Der einjährige Bub schlief während der Auseinandersetzung in einem Zimmer. Er war von dem Geschrei wach geworden und hatte zu weinen begonnen. In Einverständnis mit dem Jugendamt wurde das Kind in die Obhut seines Großvaters gegeben.

Die 27-jährige Täterin wurde in ihrer Wohnung festgenommen. Sie wird heute einem Ermittlungsrichter vorgeführt."

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