Sunday, January 29, 2006

one day in Berlin


The Monday at the beginning of August had such a special taste; the relatively empty and silent S-Bahn would bring another of its surprises. As it departed from Hackescher Markt, the sun let some beams through the rain, and expectations grew for a rainbow during the trip.

Friedrichstrasse. He boarded, quiet, carrying a big bag, a little humpback, one meter 60 centimeters tall, crushed and spread-out hair, beard, moustache, about 40 years old... He took a seat next to the aisle while arranging his walkman and glasses, across from a blond girl carefully reading her newspaper... I couldn't help looking in the bag sitting open in the middle after he took out a drawing pad and a pencil: an old case, some messed-up papers, a take-out box from Pizza Hut... I also couldn't stop myself from watching him out of the corner of my eye the entire way, dividing my attention between him and the show that the raining-shining day was giving... In fact, I think I was the only one who ! was paying attention to both. The gentleman sitting in front of me seemed absorbed in his papers, and the other passengers were sitting far enough away to miss the scene...

He was scribbling and looking at her, drawing and looking at her... I thought: of course, he is sketching her! Serious, immersed, in a trance... and she similarly absorbed, but with the newspaper... She hadn't noticed anything.

Curious, I stood up before we got to the Zoo and took a look... Yes, he had drawn her. Part of her, actually: the eyes, nose, mouth, a bit of the hair, half her face, but it was already her... When I realized this, both of them had also gotten up; he, until the last minute trying to catch more details, went toward the train door still drawing... Then, surprising me, he ripped off the sheet of paper and gave it to the girl who, at first, didn't understand anything. She saw the sketch and looked up at the exotic fellow who was going away... She gave him a surprised-emba! rrassed-scared-in a hurry smile, and left, looking back, trying to see if he was following her... He, having taken the opposite way, sat down on a bench like someone who had finished a task and packed away his materials.

I myself, running to work and still expecting to seeing a rainbow, observed the girl having a short date with the drawing for a few minutes, folding it and carefully packing it into her blazer. She looked happy, got something for nothing, probably thought how nice that a stranger, on a short S-Bahn trip, for a while, had her as his muse! Or maybe she just thought: we see such weird and funny things in Berlin...

Wednesday, January 25, 2006

Outras formas de estar aprisionado



Qualquer brasileiro estranha a liberdade ao chegar no primeiro mundo: praticamente não há grades nas janelas, não há porteiros nos prédios, os carros podem ficar na rua sem receio de serem riscados ou roubados, até os jornais são colocados, em muitos casos, na porta do assinante sem que ninguém toque no que não lhe pertence. Também pode parecer absurdo o fato de tantas lojas deixarem os produtos expostos nas calçadas, sem que alguém os vigie, e eles continuarem lá. Ou ainda, ao tomar sol em parques públicos, largar suas coisas sem receio de alguém levá-las e poder andar na rua a qualquer hora sem medo, mesmo morando em uma metrópole como Berlim.
Não que a criminalidade não tenha chegado aqui, ao contrário, casos de roubos e até mortes também podem ser vistos na imprensa (e tem, infelizemente, aumentado com o passar dos anos) mas em quantidade mínima se comparados com países violentos do terceiro mundo.
Como quase tudo na vida, no entanto, não poderia ser perfeito. Se a liberdade de andar nas ruas é grande, há outra forma de se sentir aprisionado: o frio! Várias vezes desisti de sair de casa por não ter vontade de me empacotar para ir as ruas mas jamais fora tão extremo como nesta semana. Desde domingo o noticiário avisa: só saia se realmente precisar e, no caso, agasalhe-se ao extremo. A temperatura chegou a menos 20 aqui em Berlim e no Sul da Alemanha, até menos 37 graus celsius.
Quem não ouviu as recomendações e arriscou, pagou com a vida. Foi o caso de uma senhora que queria buscar a correspondência na caixa do correio. O trajeto de alguns metros parecia uma inocente caminhada. A senhora, porém, caiu no meio do caminho e nunca mais levantou: não suficientemente agasalhada, congelou e morreu ali mesmo. Hoje, a notícia foi de outro senhor, de 62 anos, que não aqueceu sua casa e congelou na mesa da cozinha. Um vizinho estranhou a falta de fumaça na chaminé, entrou na residência que estava destrancada e tentou socorrer o aposentado, que morreu no hospital. Estas são apenas duas das dezenas de vítimas já registradas nos últimos dias por causa do inverno rigoroso.
A temperatura já está, no entanto, voltando ao normal e a tendência é termos a média de menos 5 nos próximos dois meses, não tão agradável mas suficiente para podermos sair e cumprir as rotinas diárias. Ainda bem, dificil sentir-se impotente e aprisionada por causa do mau tempo. Por outro lado, ao contrário da criminalidade a qual obriga inocentes a morarem atrás das grades em suas próprias casas, o inverno dura apenas três meses e quando chega a primavera volta, junto com as flores, a maravilhosa sensação de viver-se em um país civilizado e seguro.

Thursday, January 19, 2006

Gripe.....ninguém merece!


Este já é meu quinto inverno aqui em Berlim e admira-me que nunca tenha ficado resfriada ou gripada, apesar da constante temperatura abaixo de zero. Há quem diga que, o fato de estar sempre assoando o nariz, impede a instalação do vírus. Como no frio o nariz escorre o tempo todo, é normal estar „limpando" o canal respiratório...
A verdade é que jamais me preocupei em ser infectada, até hoje de manhã! Entrei no metrô sabendo que a „viagem" até o meu dentista, que fica no norte de Berlim, demoraria uns 40 minutos. Já na próxima estação entrou um rapaz que não parava de espirrar. Havia apenas um estreito corredor nos separando e, pela primeira vez, pensei nas milhares de criaturas invisíveis que nos rodeiam e prejudicam nossa saúde sem que possamos nos proteger, e que, naquele momento, poderiam estar vindo na minha direção...
Não sei se fui influenciada pelo noticiário dos últimos dias, que não pára de comentar sobre a gripe aviária, vírus e doenças ou se o inverno rigoroso está fazendo mais vítimas do que o normal (a previsão era de 37 negativos na Rússia e aqui, em Berlim, a máxima de 2 negativos, com tendência a piorar nos próximos dias justamente porque a frente fria que está no Leste Europeu deve vir para o Oeste.). Só sei que a senhora sentada ao meu lado direito começou a tossir sem pausar, seguida do senhor no fundo e de uma criança, atrás de mim. Por mais que tentasse me concentrar na TV instalada no meio do vagão, não parava de pensar nos vírus e bactérias....Em alguns minutos, tinha a sensação de estar num hospital ao invés de um trem, me sentia cada vez mais impotente contra meus „inimigos invisíveis" e já começava a ter delírios: teria também aquele cachorro realmente espirrado e assoado o nariz!!?
Primeiro, desejei um walkman. Se ouvisse música talvez conseguisse me desligar da sinfonia de tosse, espirros, pigarros e afins. Depois, tentei segurar a respiração para evitar a entrada de corpos estranhos, mas sabia que não conseguiria resistir por muito tempo. Pensei em me juntar ao grupo, lembrando da teoria comentada acima, e também assoar meu nariz constantemente para evitar os indesejáveis...a última idéia que me veio a mente foi usar o cachecol para improvisar uma máscara, protegendo meu rosto.....foi quando cheguei ao meu destino e saí do trem respirando aliviada, torcendo para ter saído imune daquele vagão e, finalmente, entendendo um pouco melhor o que sempre considerei „maluquice" do cantor Michael Jackson de andar com aquela máscara protetora, afinal, gripe, seja aviária, seja humana, ninguém merece!...

Wednesday, January 18, 2006

FALSOS ESTEREÓTIPOS





Fotolegenda: Brasil é futebol sim mas também muito, muito mais (Foto: Sandra Gomes/ Maracanã-Rio de Janeiro)

Morando há alguns anos em Berlim, percebo que é muito difícil acertarem minha nacionalidade: italiana, espanhola, alemã, turca....ninguém diz „brasileira" e, quando revelo, é sempre engraçada a cara de espanto...
Pele branca (aqui tomei consciência de quão branca sou!!), cabelo castanho, com ascendência e cidadania italianas, sou bem diferente do „tipo brasileiro „ que se estabelece na mentalidade européia: „ Brasileira? Mas você não é negra! „ Há quem peça para dançar um pouco de samba, para provar!...
Há também o estereótipo de que falo espanhol, (que não ouço tanto como ouvia nos Estados Unidos).Os alemães dizem que nosso idioma é „brasilianische" ou „portugiesische", com o que, até certo ponto, concordo! Depois de contatos com dezenas de portugueses, questiono-me se já não podemos denominar nosso „dialeto português„ de „língua brasileira„
Voltando aos estereótipos: não os culpo. Quando vim para cá, minha idéia de „alemão„ era a do loiro de olho azul, sério, 'bigodudo', sisudo e honesto. Tá, encontramos alguns tipos assim, mas, meu Deus, eles são tantos e tão variados! Como nós!!
Recebi um e-mail de um amigo que comentava as impressões de um terceiro. Este viajara pela Holanda e Alemanha, conhecera holandeses e alemães, adorou os primeiros, detestou os segundos. O amigo, que sabe da minha simpatia pelos germânicos, me cutucou: „Tá vendo, eles não devem ser tão legais como você diz..."
Bom, expliquei a ele que Berlim, encarada em meio à Alemanha de forma geral, parece um tanto „à parte", lotada de estrangeiros, rica em história, em mágoas e esperanças, democrática e super-liberal, ao contrário de grande parte religiosa do país.....Munique, onde já estive por duas vezes, tem outras vantagens, mas falta realmente o calor humano que temos aqui (percebe-se, inclusive, uma certa 'richa', como entre „cariocas e paulistas", isto é, os bavarianos costumam brincar que são „bavarianos „ e não „alemães..").
Expliquei também que, mesmo aceitando críticas ao comportamento prussiano, tenho centenas de conhecidos de diversos pontos da Alemanha, muito, muito agradáveis, simpáticos, educados....Sinto, sim, a diferença entre brasileiros e alemães em fazer amizades, por exemplo. O brasileiro inicia facilmente as amizades, mas parece que não reluta em perdê-las. O alemão demora a fazê-las, mas parece jamais esquecer um amigo......Tudo isto, entretanto, pode ser empírico, frase feita, e não passar de grande bobagem!...
A dúvida que fica no ar: podemos mesmo julgar os estereótipos de um povo por 30, 40 pessoas que conhecemos ao viver ou visitar aquele país? Chegando à Europa, fiquei alguns dias em Londres, onde, apesar de meu inglês fluente, fui por diversas vezes ignorada e esnobada. Uma impressão horrível. Cheguei a Berlim sem falar alemão: escrevia num papel aonde tinha de ir, mostrava pra eles e me levavam até o ponto certo, sem precisar de uma palavra. Tenho muito mais a reclamar dos dez dias passados na Inglaterra, do que deste anos que estou aqui....Talvez mudasse de opinião ficando por mais tempo no Reino Unido!
Encontro, com orgulho, muitos grupos de brasileiros. De outros, me escondo. Ou seja, a nacionalidade pode mostrar um pouco dos costumes da pessoa, do meio ambiente em que ela foi criada, da educação a que teve acesso; jamais, porém, mostrará o caráter e personalidade.
A sociedade já tem estereótipos suficientes, é preciso parar de conferir passaportes e passarmos a ver todos como seres humanos. Respeitar o espaço, ser prestativo e educado, são regras de etiqueta e convivência no mundo inteiro.

Tuesday, January 17, 2006

Festa de Gala e bom humor holandês




Após a notícia do cancelamento da Festa de Gala no Estádio Olímpico em Berlim *, a idéia é comemorar o início da Copa de 2006 na famosa avenida 17 de Junho, no trecho entre a Coluna da Vitória e do Portão de Brandenburgo. Nada mal. Já estive em diversos eventos no local (Live 8, Love Parade, Reveillon...) e a diversão é garantida. Além disso, gratuita!

*Apesar da Fifa alegar preocupação com o gramado, vários jornais publicaram outra versão. Os ingressos para o evento estariam custando, no mínimo, 100 euros e a falta de interesse pelos mesmos teria causado o cancelamento.
Bom lembrar que o teste para trocar o gramado em apenas alguns dias já tinha sido feito. Com sucesso.

E enquanto os alemães discutiam as críticas feitas aos Estádios da Copa, os holandeses (ou neerlandeses!) aproveitaram para „tirar uma" e produziram um capacete como da construção civil na cor laranja, lembrando sua seleção. 20 mil capacetes foram comercializados - por 4,95 euros cada ! - sob o slogan: „o principal produto para a Copa da Alemanha" ....

Curtas

Franz Beckenbauer, o presidente do comitê da Fifa, enfrentou uma série de más notícias na semana passada, entre elas, a do falecimento da sua mãe na quarta-feira.

Achei na internet a programação cultural para a Copa em inglês. Alguns dos projetos do Ministério da Cultura estão no link a seguir.
http://www.hkw.de

Haja frio, chegamos a menos doze, vou congelar....

Friday, January 13, 2006

Copa sem festa de abertura??



foto legenda: Esta foi a bola que ganhamos como prêmio de consolação por terem cancelado a festa.

Só faltava essa! A festa de Gala, que deveria acontecer dia 7 de junho aqui em Berlim, no Estádio Olímpico, foi cancelada!
E o pior, eu e meu namorado berlinense, como milhares de outros voluntários, já participamos de um ensaio e estávamos vibrando com a idéia de fazer parte do espetáculo...
Sempre admirei a seriedade e organização dos alemães.
Espero que eles não me decepcionem bem agora, num dos maiores eventos do mundo....

„Pânico do pânico"

foto Simon Kijewski

Este foi o título de umas das notícias de um impresso berlinense para resumir a situação instalada após o resultado divulgado nesta semana sobre o teste feito nos estádios onde serão realizados os jogos da Copa do Mundo.
De acordo com o Stiftung Warentest (*), quatro estádios receberam ¨cartão vermelho¨ após a inspeção realizada pelo Instituto. No caso de pânico, por exemplo, a multidão não teria como fugir em segurança em Berlim, Kaiserslautern, Gelsenkirchen e Leipzig. Esta foi uma entre as sérias falhas, segundo o Instituto. Os outros oito estádios ficaram ainda com nota mediana. As informações divulgadas na entrevista coletiva - transmitida ao vivo aqui na Alemanha - nesta terça-feira, faltando 150 dias para o início da Copa - caíram como uma bomba.
O chefe do comitê organizador da Fifa, Franz Beckenbauer, disse que o Instituto entende de cremes para o rosto, azeite de oliva e aspirador de pó, insinuando que os especialistas não teriam competência para testar um estádio de futebol. A coletiva teria ainda gerado pânico desnecessário, na opinião de Wolfgang Niersbach, vice do Comitê. „Wir sind sehr für Panikforschung, aber gegen Panikmache’. (Somos super a favor de estudos sobre pânico, mas contra gerar pânico).
O gerente do FC Schalke 04, Peter Peters, declarou que o resultado danificou a imagem da Fifa e dos responsáveis pelos estádios, colocando-os em uma situação ridícula.
O tema tem sido explorado pela mídia alemã e várias perguntas estão no ar. Difícil entender, por exemplo, como podem estádios que foram recentemente reformados - que custaram milhões - apresentarem falhas tão sérias e só agora observadas....e ainda, como fica a segurança dos torcedores que assitem às partidas do campeonato alemão...
Mesmo dividindo opiniões, o estudo tem de ser levado a sério para não colocar em risco os fãs que estarão no Campeonato Mundial. A Fifa prometeu checar os Estádios novamente e realizar todas mudanças necessárias até o campeonato. Agora a luta é contra o relógio.

*O Instituto foi fundado em 64 pelo Governo alemão com intuito de testar os produtos no mercado. Financiado em parte pelo dinheiro público, em parte por meio das revistas Test e Finanztest, conta com 280 funcionários. O estudo está a disposição na internet no www.stiftung-warentest.de, no qual se encontra o texto abaixo, em inglês, resumindo o teste feito nos estádios.


10.01.2006 (texto retirado do site do Stiftung Warentest)

Safety in World Cup Stadiums

Four red cards

In the case of panic, some of the structurally determined deficiencies of certain World Cup Stadiums could have disastrous consequences. This is the conclusion of an investigation into the safety of the 12 World Cup stadiums carried out by Stiftung Warentest. The full results are now available online and will be published in the February edition of "test" magazine.
The Olympic Stadium in Berlin, the Veltins Arena in Gelsenkirchen and the Central Stadium in Leipzig have been found to have "considerable deficiencies" which could prove fatal. When panic brakes out spectators almost automatically rush forward in the direction of the pitch. If this escape route is blocked, as we discovered it would be in the three named stadiums, then it is a potential death-trap. The Fritz-Walter Stadium in Kaiserslautern also has "considerable deficiencies". For example there are too many things that spectators could use as weapons and the fire protection measures are not adequate.
"Clear deficiencies" were found in the stadiums in Hamburg, Frankfurt/Main, Dortmund and Stuttgart. Points of criticism are for example that there are not enough possible escape routes, there is a high risk of stumbling, and fire protection measures are inadequate. Some stadiums still do not comply with the basic principle of the FIFA Safety Regulations, in accordance with which the stadiums "must be state-of-the-art in terms of their safety provisions concerning structural and technical aspects".
The stadiums in Hanover, Nürnberg and Colgone are indeed proof that it is possible to reduce the potential congestion risk by means of structural measures. Only minor safety deficiencies were found in these two stadiums and the Allianz Arena in Munich.
For further information please read our FAQ or contact the Press Office: Tel. +49-30-26312345, e-mail pressestelle@stiftung-warentest.de

Wednesday, January 11, 2006

Experimentando....

Não sei se a idéia de fazer um blog é uma boa, mas não custa tentar.
Aqui são 11 horas da manhã, tenho uma reunião agora a tarde da revista Brazine (www.brazine.de), para a qual trabalho como voluntária e, apesar de ver o sol brilhando lá fora, sei que a temperatura está negativa...brrrrrr!!!
O assunto hoje, aqui em Berlim, não poderia ser outro: a crítica ao Estádio Olímpico, onde será a final da Copa, está causando diversas reações.
O fato é que, faltando 149 dias para o campeonato, a Fifa podia ter passado sem essa.....
inté....

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