Thursday, January 19, 2006

Gripe.....ninguém merece!


Este já é meu quinto inverno aqui em Berlim e admira-me que nunca tenha ficado resfriada ou gripada, apesar da constante temperatura abaixo de zero. Há quem diga que, o fato de estar sempre assoando o nariz, impede a instalação do vírus. Como no frio o nariz escorre o tempo todo, é normal estar „limpando" o canal respiratório...
A verdade é que jamais me preocupei em ser infectada, até hoje de manhã! Entrei no metrô sabendo que a „viagem" até o meu dentista, que fica no norte de Berlim, demoraria uns 40 minutos. Já na próxima estação entrou um rapaz que não parava de espirrar. Havia apenas um estreito corredor nos separando e, pela primeira vez, pensei nas milhares de criaturas invisíveis que nos rodeiam e prejudicam nossa saúde sem que possamos nos proteger, e que, naquele momento, poderiam estar vindo na minha direção...
Não sei se fui influenciada pelo noticiário dos últimos dias, que não pára de comentar sobre a gripe aviária, vírus e doenças ou se o inverno rigoroso está fazendo mais vítimas do que o normal (a previsão era de 37 negativos na Rússia e aqui, em Berlim, a máxima de 2 negativos, com tendência a piorar nos próximos dias justamente porque a frente fria que está no Leste Europeu deve vir para o Oeste.). Só sei que a senhora sentada ao meu lado direito começou a tossir sem pausar, seguida do senhor no fundo e de uma criança, atrás de mim. Por mais que tentasse me concentrar na TV instalada no meio do vagão, não parava de pensar nos vírus e bactérias....Em alguns minutos, tinha a sensação de estar num hospital ao invés de um trem, me sentia cada vez mais impotente contra meus „inimigos invisíveis" e já começava a ter delírios: teria também aquele cachorro realmente espirrado e assoado o nariz!!?
Primeiro, desejei um walkman. Se ouvisse música talvez conseguisse me desligar da sinfonia de tosse, espirros, pigarros e afins. Depois, tentei segurar a respiração para evitar a entrada de corpos estranhos, mas sabia que não conseguiria resistir por muito tempo. Pensei em me juntar ao grupo, lembrando da teoria comentada acima, e também assoar meu nariz constantemente para evitar os indesejáveis...a última idéia que me veio a mente foi usar o cachecol para improvisar uma máscara, protegendo meu rosto.....foi quando cheguei ao meu destino e saí do trem respirando aliviada, torcendo para ter saído imune daquele vagão e, finalmente, entendendo um pouco melhor o que sempre considerei „maluquice" do cantor Michael Jackson de andar com aquela máscara protetora, afinal, gripe, seja aviária, seja humana, ninguém merece!...

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