Sunday, June 17, 2007

Papai é o maior, papai é que é o tal





Meu pai sempre gostou de futebol. Mas desde o tempo que viveu no sul do Brasil, virou quase uma doença, um “colorado” fanático.

Primeiro, após assegurar no contrato nupcial que minha mãe jamais se tornaria gremista, o apoiaria nas intermináveis horas assistindo às partidas e comemoraria as vitórias, quando fez suas três filhas, já garantiu em seu cromossomo as “células coloradas” assim claro, nascemos torcendo para o Internacional.

Conformado em viver rodeado por mulheres – coloradas, bom lembrar – deixou-nos "relativamente livres” para escolher nossa relação com tal esporte.


A mais velha, super feminina, delicada, limita-se a acompanhar a seleção na Copa do Mundo e a permitir que as células torcedoras do “Inter” continue em seu organismo. Aceita alguns chaveiros e lembrancinhas mas usar uma camiseta, só se for por uma IMENSA soma com as quais ela possa garantir outras roupas muito melhores ou um desejo extremo do meu pai, “ilustro” assim para mostrar que tem de ser uma situação MUITO insólita.

Eu, a sanduíche, das três a mais “estabanada”, gostava de esportes de forma geral e até arrisquei “bater uma bola” na praia na minha adolescência mas, vários torções no tornozelo e outros tombos no vôlei e basquete, me limitei a natação, ciclismo e caminhadas.

Assistir futebol? Tem fases. Quando me assumi Palmeirense nos inícios dos anos 90 e logo tivemos o bicampeonato (93, 94), uau, torcia mesmo, acompanhava! Sai da faculdade, passou um pouco a febre, o Palmeiras, cá entre nós e que nenhum corintiano leia isso, está meio capenguinha...mas o Inter, ah, deste sei tudo, querendo ou não! E torço SEMPRE!

Claro que já vesti, umas duas ou três vezes na minha vida, a camiseta! Só não foram mais porque realmente elas não são muito femininas mas quem sabe um dia meu pai não me dá um “top”, tipo blusinha e acredito que, principalmente nos dias atuais, usarei com mais orgulho que a do Palmeiras!

A mais nova, uma mistura de nós duas, veio com um pequeno defeito no gene e nasceu corintiana. Na verdade meu pai nem liga – eu, infelizmente sim – já que é nela que as células coloradas mais se desenvolveram – tanto que ela tem um top, camisetas e veste tudo!

E as células do futebol também afinal, se é pra defender o – me perdoem mas não posso evitar – (argh) “timão”, ela chega até a discutir (coisa que eu já encerro com a clássica “futebol, religião e política não se discute”).

Graças a Deus nossa educação também foi boa suficiente para nos amarmos muito apesar das diferenças e, exceto nos dias de jogo – se for clássico dos dois times, melhor uma sair de perto – raramente temos problemas no nosso relacionamento.

Este ano tive a oportunidade de sentir as células coloradas ainda mais ativas. Estive com meus pais no Beira Rio, tiramos fotos com as taças e foi emocionante perceber o interesse inclusive de estrangeiros no time, o orgulho dos torcedores gastando horrores com os mais variados produtos do Internacional, a bandeira e cartazes espalhados por toda Porto Alegre, São Leopoldo, Morro Reuters, Dois Irmãos....

Foi gostoso demais e acho que, neste momento, me contaminei com outra “doença” do meu pai, que ele claro, sempre controlou e disfarçou muito bem, com seu velho bom humor: me sinto desconfortável na presença de um gremista. Esta eu espero que não se desenvolva e fique só no nível de "tirar um sarro", afinal, futebol tem de ser visto como um esporte, uma brincadeira, uma paixão.

Agora, de todas as lições que aprendi nestes anos também com ajuda do esporte, a melhor foi sem dúvida: “papai é o melhor, papai é que é o tal”.

1 comment:

Unknown said...

Geeente, teu pai deve ser uma figura mesmo, imagino as estórias que ele deve ter pra contar, hehehehe
muito bom o teu blog!
Beijos, Pati Orkut