Sunday, March 13, 2011

Pequenas atitudes e bons exemplos que influenciam no futuro do meio ambiente

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Este foi o tema da segunda coluna Link Europa, publicada pelo Jornal de Jundiaí.  Desejo uma boa leitura e agradeço opiniões, comentários, críticas, sugestões, etc... :)


Pequenas atitudes e bons exemplos que influenciam no futuro do meio ambiente
Por Sandra Mezzalira Gomes

Pequenas atitudes podem fazer grandes diferenças. Quando cheguei na Alemanha, em 2000, estranhava pagar por cada sacolinha no mercado, fosse de pano ou de plástico, afinal, estava acostumada com a nossa “abundância” no Brasil. Aqui, não apenas se paga a sacolinha como não tem ninguém para ajudar a empacotar as compras...Agora, nesta minha última visita, observei em Jundiaí o aviso de que as sacolinhas foram substituídas por sacolas retornáveis ou são, como aqui, cobradas (e feitas de material orgânico).
Claro que demora um tempo para se acostumar a levar a sacola para o supermercado, mas eu garanto: acostuma-se. Li, ainda, num influente jornal paulista, um artigo no qual se criticava a substituição das sacolinhas como um “desvio” de atenção para problemas mais importantes. Discordo. Claro que não podemos esquecer de outros problemas sérios, mas a sacola plástica está entre eles e solucionar o desperdício já é um grande passo. Fato é que nossos antepassados levavam o carrinho para a feira ou outras sacolas de compras. Qual o problema em fazermos o mesmo?
Entendo ainda a argumentação que agora, o consumidor ainda tem de comprar o “saco de lixo” uma vez que as sacolinhas também assumiam tal função. A separação do lixo também ainda pode ser melhorada neste sentido. Aqui, com um recipiente para cada tipo (plásticos, orgânico, vidros, pilhas, papel, etc), esvazio o meu “balde” direto no “lixão correspondente” que fica na área de serviço do prédio. Pilhas, vidros, óleo e outros tipos de materiais tem postos de recolhimento em supermercados. Nem todos os lixos precisam então de sacos, a maioria basta quando lavo o “balde” a cada semana. Neste ponto também observei avanços no Brasil e creio que o sistema só tende a melhorar.
Outro fenômeno interessante de ser comparado é a reciclagem de latas. Se no Brasil já via os catadores desde a década de 90, aqui eles apareceram por volta de 2003. Foi nesta época que se implantou o chamado “pfand”, ou como falamos no popular, o “casco”. Ao serem levadas de volta, garrafa de plástico e latinha valem 0,25 centavos de euro. Garrafas de vidro, 0,08 centavos. Com o tempo, reportagens nos jornais e televisão da Alemanha mostram como diversas pessoas, de mendigos a engenheiros, descobriram nesta coleta seletiva uma forma de melhorar o orçamento. No Brasil, não vejo o mesmo interesse pelas garrafas de plástico e de vidro. Talvez fosse a hora de fazer “doer no bolso” do consumidor para que se evite também mais este desperdício.
Já a relação do alemão com a água também poderia servir de exemplo para o brasileiro, que ainda insiste em “lavar” a calçada em vez de varrê-la. Muitos agora vão fazer “irk”, mas a verdade é que a maioria lava a louça com a pia cheia de água, ensaboa e não enxágua. Confesso que não consigo colaborar neste ponto com eles (enxáguo, sim, mas apenas no final)... E a limpeza da casa é feita mais com aspirador do que água (em algumas residências até no banheiro tem carpete e o ralo também é acessório raro, ou seja, se passa um pano e não se “lava” os cômodos).
Quanto ao banho... Sim, é verdade que muitos o fazem poucas vezes na semana, usam a tal da “toalhinha” molhada para as partes íntimas no dia a dia e elegem uns 3 dias para a higiene completa. Em algumas famílias ainda é como no tempo da guerra: enche-se a banheira uma vez e todos usam a mesma água. Primeiro as crianças, depois mulheres e o pai é premiado para usar a água com a sujeira da família toda.
É inegável, entretanto, que a tendência é a água virar, sim, artigo de luxo. E se não começarmos a aprender com os bons exemplos a cuidar do nosso meio ambiente pode ser que, num futuro próximo, todos tenhamos de aprender os métodos de racionamento vivido pelos europeus na época da guerra.
Notas:
Turismo no mundo
Um dos maiores eventos na área turística, a ITB, termina neste domingo em Berlim e mostra as tendências de 2011. Espanha é uma das principais atrações para o verão, com tendência a hotéis lotados. Já a região árabe está apelando para promoções com o intuito de encher os hotéis da região de conflito que estão completamente vazios.
Dia da Mulher
O dia Internacional da Mulher também foi lembrado por aqui como um dia instituído há cem anos para reivindicar igualdade de direitos que ainda não são totalmente garantidos. Em 2010 houve inclusive discussão sobre quotas para mulheres em cargos de chefia. Ainda há diferenças salariais e apesar do preconceito ter diminuído bastante, muitas mulheres continuam passando por situações nas quais ele se manifesta. Alemãs entrevistadas para um notíciario de TV afirmavam desejar, entre outras mudanças, obter mais reconhecimento pelo seu trabalho, seja qual for sua posição.
Futebol Feminino
Ainda no tema “mulher”, um tanto decepcionante o silêncio a respeito da Copa Mundial de Futebol Feminino que será este ano a partir de 26 de junho na Alemanha. Se comparar com 2006, o evento está sendo praticamente ignorado. Na semana passada a Fifa anunciou a próxima sede para 2015. A notícia recebeu uma notinha nos jornais. Apesar do pouco barulho, o número de ingressos vendidos para o jogo de abertura que será em Berlim já bateu o recorde de vendas.
Reconhecimento internacional
Injeção de auto estima e motivo de destaque no noticiário o resultado de uma pesquisa da rede inglesa de comunicação, a BBC, na qual os alemães foram apontados como o povo que mais exerce influência positiva no mundo. 62% teriam apontados a Alemanha como o melhor país entre outros fatores por ser estável financeiramente, organizado, ter uma política sem escândalos, produtos de qualidade, bom futebol, ser “histórica e moderna” ao mesmo tempo. A Inglaterra e o Canada estão no segundo e terceiro lugar.

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