Wednesday, June 24, 2009

Diploma para jornalista é muito mais do que um papel!

Na semana passada, quarta-feira dia 17, o Supremo Tribunal Federal decidiu derrubar a exigência do diploma para exercício da profissão de jornalista, como se este fosse um "mero" papel.

Desde que iniciei meus estudos para depois prosseguir com minha carreira, quando entrei na Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" (UNESP) em 1993, escuto esta mesma história. Vire e mexe vem aqueles que dizem: é só ter talento para escrever, como se fosse só escrever o aprendizado de quatro anos de universidade.

Concordo que nem todo jornalista, mesmo tendo quatro semestres de técnicas redacionais e Língua Portuguesa, tem talento para escrever.

Concordo ainda que as aulas de ética não são absorvidas por todos os colegas já que tem muitos fazendo besteiras por ai. Concordo que nem tudo do que aprendemos nos quatro anos de Universidade é realmente necessário ou será obrigatóriamente utilizado.

Mas não concordo que sem o conhecimento mínimo que adquirimos na faculdade se possa fazer um bom jornalista. Sim, ele pode até aprender na prática, mas para isso terá de ser ensinado enquanto exerce a profissão e é um perigo então aos seus leitores e fontes.

Especialmente filhos de jornalistas de década passadas costumam defender "meu pai nunca estudou e foi um excelente jornalista". Entende-se, afinal, antigamente a maioria se formava "na prática" e mesmo com as escolas de jornalismo tendo surgido com Cásper Líbero em 1943 (http://www.eca.usp.br/prof/josemarques/arquivos/artigos3_b.htm), a obrigatoriedade do diploma veio anos depois com o Decreto Lei 972 de 1969. http://jornalon.com/?p=1966

O fato é que os jornais dedicam espaços para seus "especialistas não jornalistas" nas suas colunas e artigos, lá sim, quem tem talento e conteúdo pode escrever. Mas não peça a um leigo para decidir o que deve ser ou não pauta, manter a imparcialidade, escolher as perguntas que devem ser colocadas e as respostas que eticamente devem ser publicadas, diagramar uma página, enfim, diversas funções que fazem parte da atividade jornalística e são aprendidas na universidade (aperfeiçoadas com a prática, concordo totalmente).

Acho ainda uma incoerência enorme do STF ignorar que os "grandes" jornais (os "sérios" e que atigem a maioria dos leitores) exigem hoje não apenas a graduação mas a pós-graduação para contratar novos profissionais!

E fica ainda para a reflexão do leitor, finalizando este desabafo, esta imagem que recebi hoje cedo por email, satirizando a decisão do STF.

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